sexta-feira, 1 de junho de 2007

O Riso e as Relações

Personagens de uma época de características tão peculiares, entre elas a tendência ao individualismo, favorecida pela tecnologia do isolamento humano, os indivíduos têm se deparado cotidianamente com dificuldades para manter a qualidade de seus relacionamentos interpessoais.

Esta qualidade exerce poderoso efeito sobre o equilíbrio físico e mental das pessoas, e a psicologia manifesta serem as relações humanas o fiel da balança do relativíssimo senso de satisfação pessoal, o que torna urgente saber como mantê-las sempre renovadoras e recompensadoras.

Especialmente no que diz respeito ao relacionamento conjugal, o zelo para com a saúde de sua dinâmica deve ser reforçado, dada a sua fragilidade pós-moderna. Psicólogos, terapeutas e conselheiros dão sua contribuição, enchendo as prateleiras das livrarias com guias e manuais a este respeito.

Este vasto material é, em sua maioria, produzido a partir dos resultados de pesquisas bem estruturadas, o que geralmente confere confiabilidade aos recursos que são oferecidos.

Segundo aponta Robert Provine, Neurocientista e Professor de Psicologia da Universidade de Maryland (www.umbc.edu), um dos recursos tidos como fundamentais para a manutenção de um ambiente favorável ao relacionamento conjugal é o riso.

O riso é uma das marcas próprias do período inicial dos relacionamentos amorosos cuja frequência, com o passar do tempo, decai com força na imensa maioria dos casos. Não costuma demorar para que parte considerável das risadas compartilhadas pelos parceiros surja mais a partir de programas de televisão que de uma conversa descontraída. E quando surgem, dificilmente são alimentadas.

Característica tipicamente humana, o riso é um dos inúmeros sinais de nossa capacidade de estabelecermos vínculos sociais. Ele é fundamental para afinar a sintonia emocional das pessoas. Seu uso pode estabelecer - ou restaurar - um clima emocional positivo e um senso de conexão entre duas pessoas, o que as leva a sentirem prazer na companhia um do outro.

Além disso, a descontração pode neutralizar sentimentos como a raiva e a ansiedade. Mais em relação ao segundo caso, o riso é capaz de pavimentar o caminho para o qual se chega à intimidade.

Estas, entre outras das conclusões do professor Robert Provine, emergiram de sua observação de ocorrências espontâneas e cotidianas onde se faz presente o riso, e foram publicadas em Laughter: A Scientific Investigation (Penguin Books, 2001).

O conteúdo do livro está mais de acordo a parte final de seu título. Trata-se da apresentação dos resultados de uma investigação científica, e não se constitui, ao contrário de outras obras do gênero, numa oportunidade de entretenimento.

Provine afirma que a maioria dos benefícios do riso para a saúde são provavelmente coincidentes, ou seja, um subproduto benéfico da busca pela consecução de seu objetivo primário, que é sociabilizar o indivíduo. Os benefícios do riso seriam, portanto, resultantes do fortalecimento social que ele estimula.

No que diz respeito aos relacionamentos conjugais, Provine salienta o papel fundamental do riso. Homens gostam de mulheres que riem genuinamente em sua presença, enquanto que o riso da mulher pode ser considerado como um indicador crítico do bem-estar do relacionamento.

Os dados revelam que ambos os sexos riem muito, mas as mulheres riem ainda mais (126% a mais que os homens), cabendo aos homens mais a função de refletores do riso de suas companheiras.

Ralph Waldo Emerson uma vez considerou que uma das principais condições para o sucesso é rir com frequência "e" amar bastante. Ao menos para o sucesso da relação conjugal, o segredo parece ser rir com frequência "para" amar bastante.